A Antroposofia (do grego sabedoria humana) foi fundada por Rudolf Steiner, que, de 1902 a 1912, foi presidente da
Sociedade Teosófica da Alemanha. O rompimento com
a Teosofia foi por estes não tratarem Jesus Cristo ou oCristianismo como algo especial, porém ele aceitou
conceitos hinduístas como karma e reencarnação na Antroposofia.
Segundo Steiner, a Antroposofia é a "ciência
espiritual". A Antroposofia é uma filosofia e uma prática que foi erigida por Rudolf Steiner. Ele a apresenta como um caminho para se trilhar em busca da verdade
que preenche o abismo historicamente criado desde a escolástica entre fé e
ciência. Na visão de Steiner, a realidade é essencialmente espiritual; ele
queria treinar as pessoas para superar o mundo material e entender o mundo
espiritual através do eu espiritual, de nível superior. Há um tipo de percepção
espiritual que opera de forma independente do corpo e dos sentidos corporais.
Steiner coloca que, ao se pensar sobre o pensar
começamos a fazer acesso a uma consciência diferente da cotidiana. A primeira
experiência que podemos ter de um conceito que não encontra correspondente nas
percepções do mundo é a vivência do próprio Eu. É a primeira instância de uma
experiência no puro pensar. A partir daí muito mais pode ser vivenciado no puro
pensar, vários conceitos que não encontram correspondentes em percepções
físicas, mas para isso Steiner diz ser necessário ampliar nossa a capacidade de
nossa consciência e apresenta exercícios para tal.
A base epistemológica da antroposofia está contida
na obra A Filosofia da
Liberdade, assim como em sua tese de doutorado, Verdade e ciência. Estes e vários outros livros de Steiner
anteciparam a gradual superação do idealismocartesiano e do subjetivismo kantiano da filosofia do século XX. Assim como Edmund Husserl e Ortega y Gasset, Steiner foi profundamente influenciado pelos trabalhos de Franz Brentano, e havia lido Wilhelm Dilthey em detalhe. Por meio de seus primeiros livros, de cunho epistemológico e
filosófico, Steiner tornou-se um dos primeiros filósofos europeus a superar a
ruptura entre sujeito e objeto que Descartes, a física clássica, e várias
forças históricas complexas gravaram na mente humana ao longo de vários
séculos.
Steiner definiu a antroposofia como "um
caminho de conhecimento para guiar o espiritual do ser humano ao espiritual do
universo." O objetivo do antropósofo é tornar-se "mais humano",
ao aumentar sua consciência e deliberar sobre seus pensamentos e ações; ou
seja, tornar-se um ser "espiritualmente livre".
Steiner ministrou vários ciclos de palestras para médicos, a partir dos
quais surgiu um movimento de medicina antroposófica que se espalhou
pelo mundo e agora inclui milhares de médicos, psicólogos e terapeutas, e que possui seus
próprios hospitais e universidades médicas. Outras vertentes práticas da
antroposofia incluem: a arquitetura orgânica (a sede da Sociedade Antroposófica Geral, o Goetheanum, em Dornach, Suíça, é
uma amostra dessa arquitetura), a agricultura biodinâmica, a educação infantil e juvenil (pedagogia Waldorf), a farmácia antroposófica, que é uma extensão da homeopática (Wala, Weleda, Sirimim), a nova arte
da euritmia ("o movimento como verbo e som visíveis"), e a pedagogia
curativa e terapêutica social, em que se destacam os centros denominados Vilas
Camphill. O site da Sociedade Antroposófica no Brasil contém inúmeros detalhes sobre todas essas e outras aplicações práticas
da Antroposofia.
A obra completa de Steiner, toda publicada, contém cerca de 350
volumes com seus livros e ciclos com as mais de 6.000 palestras que foram
estenografadas.
Segundo Steiner, a humanidade habita o planeta Terra desde sua criação, existindo sob a
forma de espíritos e assumindo diversas formas. Atualmente, estaríamos vivendo
no Período Pós-Atlântida, que começou com o afundamento da Atlântida em 7227 a.C.. O período
Pós-Atlântida se divide em sete época, sendo a atual a época Euro-Americana,
que durará até 3573. Após esta era, os homens vão
recuperar os poderes de clarividência que tinham no período anterior aos gregos antigos.
A antroposofia possui seus detratores. Os críticos
designaram-na como um culto com similaridades em relação aos movimentos da Nova
Era. Não existe culto dentro da Antroposofia mas, mesmo se existisse, seria um
que fortemente enfatiza a liberdade individual. Ainda, alguns críticos
sustentam que os antropósofos tendem a elevar as opiniões pessoais de Steiner,
muitas das quais são estranhas às visões das religiões ortodoxas, da ciência e
das humanidades, ao nível de verdades absolutas. Se existe alguma verdade nesta
crítica, a maior parte da culpa pertence não a Steiner, mas aos seus
seguidores. Steiner frequentemente estimulou seus seguidores a testarem tudo o
que ele dizia, e em muitas ocasiões, até mesmo escreveu e implorou a eles que
não tomassem nada do que dissesse com base na fé ou autoridade.
Outra crítica afirma que alguns antropósofos
parecem distanciar suas atividades públicas da possível inferência de que a
antroposofia é baseada sobre elementos esotéricos religiosos, tendendo a
apresentá-los ao público como uma filosofia acadêmica não-sectária. Uma
dificuldade em avaliar essa crítica é que ela contém um preconceito oculto
porque ignora uma questão que a antroposofia procurou levantar e responder: é
possível, para aquele que pensa, ser ao mesmo tempo tanto cientificamente
quanto espiritualmente cognitivo? A antroposofia afirma que isso é possível. A
crítica supramencionada, por outro lado, assume que isso não é possível e,
portanto, encontra uma contradição entre a afirmação de um não-sectarismo e um
embasamento na experiência supra-sensível.