A psicoterapia antroposófica foi desenvolvida após a morte
de Rudolf Steiner, desde a década de trinta, por grupos independentes de
psiquiatras e psicólogos em diversos países, como Holanda (através do forte
impulso de B. Lievegoed), Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e Brasil, entre
outros.
A Holanda e a Alemanha contam com departamentos de
psiquiatria e psicoterapia em hospitais gerais, além de clínicas psiquiátricas
antroposóficas. Na Itália, os cursos profissionais são reconhecidos com
finalidade de credenciamento na área de psicoterapia. Em março de 2009 o
diploma do curso de aconselhamento biográfico foi reconhecido para
credenciamento na Associação Britânica de Psicoterapia e Aconselhamento.
O departamento de psicoterapia da seção médica do Goetheanum
fornece os parâmetros e diretrizes para essas formações. Atualmente é dirigido
por Adrianus e Henriette Dekkers, psicólogos, coordenadores há mais de 30 anos
da formação na Holanda e, mais recentemente, na Itália. Na Alemanha existe um
curso há mais de 20 anos. Como na última década o interesse aumentou muito,
havendo demanda por formações em Israel, na Rússia, na Argentina, no Chile
(entre outros), formou-se um comitê internacional, do qual o Brasil faz parte,
para organizar um currículo mínimo e outras questões, de modo a garantir a
qualidade técnica e ética dessas iniciatiPsicoterapia Antroposófica 09/02/2011
A psicologia baseada na Antroposofia, por decorrência de
seus pressupostos, visa promover o desenvolvimento de uma consciência ética
individualizada, dentro do princípio da liberdade. Não trabalha, portanto, com hipnose,
regressão ou técnicas que induzam a estados alterados de consciência. Da mesma
forma o profissional, se bem formado, não deveria fazer proselitismo filosófico
em seu trabalho mas, pelo contrário, exercitar o método fenomenológico que,
dentro do possível, visa ‘suspender’ suas referências pessoais (ou tê-las
conscientes), para atuar profissionalmente. Evitam-se asserções categóricas e
treina-se o profissional na arte de fazer perguntas abertas.
Adota o axioma de Steiner (Berron,1984) que postula que o
corpo deve ser objeto da higiene; à alma se aplica a educação; a
individualidade deve ter o espaço da liberdade.
Embora haja diversas maneiras de exercer a psicoterapia e um
consenso internacional esteja aos poucos se estabelecendo, podemos dizer que se
trata de uma abordagem terapêutica cujo cerne é a relação terapeuta-paciente.
Como vai se dar esse encontro, depende da idade e do diagnóstico do cliente. O
diagnóstico antroposófico é uma “leitura” que inclui, dialoga e faz uma
“tradução” do conhecimento moderno. No caso das psicopatologias, usamos o DSM
IV R e o CID 10 como referência de linguagem.
Em caso de adulto, a terapia é eminentemente dialógica
(Berron,1984; Treichler, 1987), podendo abarcar trabalhos não verbais, conforme
a formação complementar do terapeuta. A “porta de entrada” é, portanto, o Eu
enquanto centro da consciência e a organização anímica, sede dos afetos ou
emoções. A atitude do terapeuta será mais diretiva e didática em casos de maior
comprometimento psicopatológico e a atuação será conjunta com médico,
massagista, etc. Um trabalho, portanto, focado nos aspectos constitucionais do
paciente. Quando o caso é uma crise de desenvolvimento que resulta em
transtornos de menor gravidade, o trabalho sobre a história de vida, de uma forma
menos diretiva, pode ser a principal abordagem, caminhando das
sensações/emoções, através da compreensão e construção de significados em
direção ao sentido da doença ou crise.
Busca-se alinhar desejos e aspirações através dos motivos
conscientes, visando maior liberdade de decisões; caminhar, se possível, do
corpo ou alma da sensação, para a alma da consciência. Dependendo, portanto, do
diagnóstico e conseqüentes objetivos terapêuticos o psicólogo antroposófico
pode adotar posturas mais ou menos diretivas, similares, em certos casos, às de
uma linha cognitivo-comportamental ou, em outros, à existencial humanista. As
técnicas terapêuticas utilizadas são comuns ao acervo de muitas linhas
psicológicas como imaginação ativa, dramatização, etc.(von der Heide, 1984;
Dekkers, 2001; Lievegoed, 1999, Treichler,1988)
Em se tratando de crianças é fundamental a vivência dos
ciclos da natureza. O brincar se torna o grande meio de comunicação, em
diferentes níveis como corporal, estruturado, expressivo e imaginativo. O aconselhamento
das pessoas envolvidas com a criança como família, escola, etc. são parte
necessária do processo.
vas, preservando ao mesmo tempo as
características e necessidades de cada país.
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